321 mil mortes são causadas
por ano no mundo, em decorrência de acidentes de trabalho, segundo a
Organização Internacional do Trabalho (OIT). No Brasil, são quase três mil
mortes anuais. A certificada em Odontologia do Sono, Kenya Felicíssimo, explica
que muitos desses acidentes podem ser provocados pela falta de sono.
“Muitos empresários e
trabalhadores desconhecem o impacto negativo de noites mal dormidas. A privação
de sono traz consequências mentais, cognitivas e fisiológicas, e afetam na
concentração e no desempenho do trabalhador em executar suas tarefas, em
qualquer profissão, facilitando a ocorrência de acidentes de trabalho. Mas, em
alguns casos, como para motoristas profissionais, as consequências podem ser
severas”, explica Kenya Felicíssimo.
Dados da National Sleep
Fundation apontam que 10% dos trabalhadores sofrem de insônia crônica, o que
simboliza um aumento em 700% o risco de acidentes de trabalho. Além disso, 15%
a 20% dos trabalhadores apresentam um ou mais distúrbios do sono. Segundo a Fundação
Nacional do Sono, os transtornos mais comuns que afetam a população
trabalhadora são a apneia do sono, a insônia e as alterações do sono devido à
mudança de turno.
“Se o trabalhador ronca e
apresenta histórico de sonolência diurna excessiva, dor de cabeça, cansaço
físico e irritabilidade, por exemplo, é provável que ele seja portador da
apneia do sono (caracterizada por paradas respiratórias durante o sono que
duram, no mínimo, 10 segundos)”. Além dos acidentes no trânsito e no trabalho,
aumento de peso e alterações de memória e raciocínio, apneicos correm risco
elevado de desenvolvimento de doenças como hipertensão, infarto e impotência
sexual.
Anuário Estatístico da
Previdência Social
Segundo último levantamento
da Previdência Social, realizado em 2012, divulgado no Anuário Estatístico da
Previdência Social, foram registrados, em 2012, 705.239 casos de acidentes de
trabalho no Brasil; destes, 22.921 foram na Bahia. 16.940 dos acidentes de
trabalho ocorridos neste ano foram registrados com a CNAE (Classificação
Nacional de Atividades Econômicas) nº 4930, que corresponde ao transporte
rodoviário de carga. Segundo a Fundação Nacional do Sono, a apneia acomete 80%
dos motoristas de caminhão de grande porte e aumenta em seis vezes as chances
de acidentes.
Tratamento dos distúrbios do
sono
Caso o trabalhador perceba
que a qualidade do seu sono está alterada, deve procurar um médico especialista
em sono para verificar qual o seu problema. Normalmente, o paciente é submetido
a uma polissonografia – um exame que monitora o sono e identifica possíveis
distúrbios. Portadores de ronco e apneia podem ser tratados por uma dentista
especialista em Odontologia do Sono. Na Bahia, Kenya Felicíssimo é a única
profissional que possui este certificado, emitido pela Associação Brasileira do
Sono.
“O paciente pode optar pelo
tratamento com um aparelho intraoral individualizado (AIO), que será o
responsável por promover a desobstrução das vias respiratórias, possibilitando
a passagem do ar, garantindo o sono restaurador. O dispositivo, usado apenas
para dormir, é leve, discreto e indolor”, explica Kenya Felicíssimo.
Casos
A última suposta vítima de
acidente de trabalho decorrente da sonolência em Salvador foi o operário
Pascoal Bispo de Santos, que foi morto após ser atingido pela empilhadeira que
operava no dia 10 deste mês. A perícia ainda não foi concluída, mas testemunhas
apontam que a vítima, que trabalhava de turno, teria cochilado no momento do
acidente, que aconteceu às 5h30 da manhã.
Em 2009, um avião caiu nos
Estados Unidos e matou 50 pessoas, e a investigação apontou que a fadiga dos
pilotos – que, segundo registros, trabalharam por muitas horas, sem
interrupções – foi a provável causa do desastre. Outro caso mais antigo,
conhecido como Chernobyl, aconteceu em 1986. Uma explosão do reator nuclear
matou 2500 pessoas. O desastre foi provocado por erro humano durante a
madrugada, e é considerado um acidente de trabalho relacionado ao cansaço dos
trabalhadores.
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