Nos últimos anos o Brasil
tem registrado em média 700 mil acidentes do trabalho por ano e desse total,
aproximadamente 3 mil trabalhadores perdem a vida em decorrência dos acidentes.
Isso sem contar o alto número de trabalhadores que se tornam inválido temporariamente
ou permanentemente, desfalcando os cofres públicos com tratamentos, pensões e
indenizações.
Atualmente a cobrança às
empresas para investimentos em prevenção vem crescendo de forma a forçar
investimentos, visando à redução desses números e consequentemente os gastos
por parte da Previdência Social.
Mas mesmo assim os acidentes
continuam acontecendo e com isso aumenta os custos.
Muitos acidentes (A grande
maioria) podem ser evitados sem a necessidade de investimentos, ou apenas com
pequenos gastos, apenas se antecipando aos riscos e prevenindo os acidentes ou
pelo menos os danos (materiais ou físicos) provocados pelos acidentes.
Na última quarta-feira (04-09-2013)
foi noticiado por vários meios de comunicação o naufrágio do barco pesqueiro
“Vô João G”, o qual tinha 17 tripulantes abordo e do total 05 continuam
desaparecidos.
Você deve estar se
perguntando... Mas o que tem a ver esse naufrágio com texto acima¿
Bom. Na sexta-feira passada
(06-09-2013), li no Diário Catarinense a matéria intitulada como “Relatos de um
Naufrágio”, onde um dos sobreviventes (Cleber de Brum) concedia entrevista ao
Diário Catarinense, contando em detalhes o antes, durante e o depois do
naufrágio.
Duas perguntas feitas pela (o)
reporte ao náufrago, me chamou atenção suas respostas.
Na primeira ele é
questionado como saíram com o bote salva-vidas e sua resposta foi a seguinte: “
Quando tentamos pegar o equipamento entramos em desespero, porque a gente não
sabia usar aquilo. Eu e os outros colegas nunca tínhamos usado o bote
salva-vidas . Buscamos uma faca para cortar a corda e ninguém achava. A gente
precisaria de treinamento para que o uso do equipamento fosse mais eficiente.
Nunca passei por um treinamento”.
Na segunda pergunta a qual
foi questionado como passaram a madrugada abordo do bote salva-vidas, essa foi
sua resposta: “Parte dos colegas estava sujo de óleo por ter entrado em contato
com o que vazou do barco e com a água ao ir para o bote. Por isso eles tiraram
as camisas. Estava muito frio e principalmente quem estava sem camisa começou a
tremer muito. Depois de um bom tempo é que encontramos no bote três cobertores
térmicos. A gente estava com muito medo. As ondas poderiam fazer com que a
gente se chocasse com uma ilha ou rochas a aí seria o fim, morreríamos afogados
ou esmagados nas pedras”.
Diante das respostas, fica
claro que a prevenção falhou. Não estou dizendo que a prevenção poderia ter
evitado o naufrágio, afinal não sei quais foram os motivos para isso. Porém, me
refiro no fato de eles disponibilizarem de um equipamento de grande importância
para salvar a vida da tripulação (e que salvou os que conseguiram chegar até o
bote e permanecer sobre ele) e eles não saberem com funciona, não saberem da
existência de cobertores térmicos para serem usados em caso de emergência,
simplesmente pela falta de treinamento.
É comum empresas
disponibilizarem Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) e Equipamentos de
Proteção Individual (EPI), mas de nada adianta esses equipamentos, esses
investimentos, se as pessoas que vão utilizá-los em caso de emergência não
saibam usar. É preciso treinar quanto ao uso desses equipamentos, quanto aos
procedimentos a serem seguidos. Se faz necessário um plano de emergências bem elaborado
e de conhecimento de todos, para que na hora da emergência as pessoas não
entrem em desespero sem saber o que fazer.
Mas também não dá para
culpar somente a empresa, pois os trabalhadores devem ter interesse em
preservar a própria integridade e não ficarem só esperando. Tem muitas pessoas
que quando a empresa proporciona um treinamento, os mesmos não querem
participar porque consideram desnecessário.
Depois do ocorrido com essa
embarcação e da dificuldade enfrentada pela tripulação para usar o bote, todos
têm consciência de que devem ter um treinamento. Mas será que teriam a mesma
opinião se a empresa oferecesse um treinamento antes¿
O que temos que ter em mente
é que não podemos esperar algo dar errado para depois ver o que fazer. É
preciso se antecipar e tentar identificar o que pode acontecer e o que podemos fazer
para evitar a ocorrência ou no mínimo minimizar os danos.
TREINAR É MAIS QUE ENSINAR,
É PREVENIR!
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