terça-feira, 10 de setembro de 2013

TREINAR E MAIS QUE ENSINAR, E PEVENIR!


Nos últimos anos o Brasil tem registrado em média 700 mil acidentes do trabalho por ano e desse total, aproximadamente 3 mil trabalhadores perdem a vida em decorrência dos acidentes. Isso sem contar o alto número de trabalhadores que se tornam inválido temporariamente ou permanentemente, desfalcando os cofres públicos com tratamentos, pensões e indenizações.

Atualmente a cobrança às empresas para investimentos em prevenção vem crescendo de forma a forçar investimentos, visando à redução desses números e consequentemente os gastos por parte da Previdência Social.

Mas mesmo assim os acidentes continuam acontecendo e com isso aumenta os custos.

Muitos acidentes (A grande maioria) podem ser evitados sem a necessidade de investimentos, ou apenas com pequenos gastos, apenas se antecipando aos riscos e prevenindo os acidentes ou pelo menos os danos (materiais ou físicos) provocados pelos acidentes.

Na última quarta-feira (04-09-2013) foi noticiado por vários meios de comunicação o naufrágio do barco pesqueiro “Vô João G”, o qual tinha 17 tripulantes abordo e do total 05 continuam desaparecidos.

Você deve estar se perguntando... Mas o que tem a ver esse naufrágio com texto acima¿

Bom. Na sexta-feira passada (06-09-2013), li no Diário Catarinense a matéria intitulada como “Relatos de um Naufrágio”, onde um dos sobreviventes (Cleber de Brum) concedia entrevista ao Diário Catarinense, contando em detalhes o antes, durante e o depois do naufrágio.

Duas perguntas feitas pela (o) reporte ao náufrago, me chamou atenção suas respostas.

Na primeira ele é questionado como saíram com o bote salva-vidas e sua resposta foi a seguinte: “ Quando tentamos pegar o equipamento entramos em desespero, porque a gente não sabia usar aquilo. Eu e os outros colegas nunca tínhamos usado o bote salva-vidas . Buscamos uma faca para cortar a corda e ninguém achava. A gente precisaria de treinamento para que o uso do equipamento fosse mais eficiente. Nunca passei por um treinamento”.

Na segunda pergunta a qual foi questionado como passaram a madrugada abordo do bote salva-vidas, essa foi sua resposta: “Parte dos colegas estava sujo de óleo por ter entrado em contato com o que vazou do barco e com a água ao ir para o bote. Por isso eles tiraram as camisas. Estava muito frio e principalmente quem estava sem camisa começou a tremer muito. Depois de um bom tempo é que encontramos no bote três cobertores térmicos. A gente estava com muito medo. As ondas poderiam fazer com que a gente se chocasse com uma ilha ou rochas a aí seria o fim, morreríamos afogados ou esmagados nas pedras”.

Diante das respostas, fica claro que a prevenção falhou. Não estou dizendo que a prevenção poderia ter evitado o naufrágio, afinal não sei quais foram os motivos para isso. Porém, me refiro no fato de eles disponibilizarem de um equipamento de grande importância para salvar a vida da tripulação (e que salvou os que conseguiram chegar até o bote e permanecer sobre ele) e eles não saberem com funciona, não saberem da existência de cobertores térmicos para serem usados em caso de emergência, simplesmente pela falta de treinamento.

É comum empresas disponibilizarem Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) e Equipamentos de Proteção Individual (EPI), mas de nada adianta esses equipamentos, esses investimentos, se as pessoas que vão utilizá-los em caso de emergência não saibam usar. É preciso treinar quanto ao uso desses equipamentos, quanto aos procedimentos a serem seguidos. Se faz necessário um plano de emergências bem elaborado e de conhecimento de todos, para que na hora da emergência as pessoas não entrem em desespero sem saber o que fazer.

Mas também não dá para culpar somente a empresa, pois os trabalhadores devem ter interesse em preservar a própria integridade e não ficarem só esperando. Tem muitas pessoas que quando a empresa proporciona um treinamento, os mesmos não querem participar porque consideram desnecessário.

Depois do ocorrido com essa embarcação e da dificuldade enfrentada pela tripulação para usar o bote, todos têm consciência de que devem ter um treinamento. Mas será que teriam a mesma opinião se a empresa oferecesse um treinamento antes¿

O que temos que ter em mente é que não podemos esperar algo dar errado para depois ver o que fazer. É preciso se antecipar e tentar identificar o que pode acontecer e o que podemos fazer para evitar a ocorrência ou no mínimo minimizar os danos.

TREINAR É MAIS QUE ENSINAR, É PREVENIR!


  

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