segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

CUIDADOS NO TRABALHO COM MATERIAL PERFURO-CONTANTE

Diariamente nos serviços de saúde, diversos profissionais sofrem acidentes de trabalho com material biológico e/ou perfuro-cortante. Estes tipos de acidentes são os que envolvem sangue ou outros fluidos orgânicos potencialmente contaminados, sendo considerados extremamente perigosos por serem potencialmente capazes de transmitir mais de 50 tipos de patógenos diferentes. Sendo que, os agentes infecciosos mais frequentemente relatados são o vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e os vírus das hepatites B (HBV) e C (HCV).
Os tipos de exposição envolvendo material biológico consideradas de risco são: exposições percutâneas (lesões provocadas por instrumentos perfurantes ou cortantes por agulhas, lâminas de bisturi, vidrarias, etc.), exposições de mucosas (ocorrência de respingos na face envolvendo olho, nariz ou boca; ou exposição de mucosa genital), exposição de pele não íntegra (contato com locais onde a pele apresenta dermatites ou feridas abertas).
A probabilidade de contaminação no caso de acidente com material biológico para HIV é de 0,3% na exposição percutânea e 0,09% na exposição mucosa;30% para  Hepatite B e 1,8% para hepatite C.


É importante relatar que o risco de adquirir infecção pós-exposição ocupacional é variável e depende de diversos fatores como o tipo de acidente, tamanho e gravidade da lesão, presença e volume de sangue envolvido, condições clínicas do paciente-fonte e seguimento adequado pós-exposição.
Secco e Robazzi (2007) em pesquisa com profissionais de enfermagem no Paraná descreve que 70% dos acidentes com material biológico atingiram as mãos dos profissionais, com perfuro–cortante tipo agulha, em especial após algumas horas de trabalho, estando esta situação associada a sobrecarga de trabalho vivenciada pela classe.
Mas apesar destes dados relevantes quanto ao risco de contaminação para profissionais de saúde no exercício da profissão, diversos deles não obedecem às práticas adequadas para sua proteção como uso correto do equipamento de proteção individual (EPI) como luvas, óculos de proteção, máscaras, avental, mesmo quando estes são disponibilizados pelo serviço, bem como a disposição final incorreta dos perfuro-cortantes.
Assim, fazem-se necessárias medidas adequadas para evitar acidente com exposição de material biológico, tais como:
 ·         Ao transferir instrumentos, evitar que estejam apontados para alguém;
·         Apontar os instrumentos para a direção contrária a que você está;
·         Evitar pegar instrumentos cortantes com as mãos, usar pinças, alicates ou porta-agulhas;
 ·         Evitar que agulhas fiquem fora dos limites da bandeja;
·         Manter as brocas inseridas nas peças de mão voltadas para o solo, evitando arranhões;
·         Não reencapar as agulhas com as mãos, se fizer isso use uma pinça ou alicate para a preensão da tampa, evitando que a agulha fique apontada para o dedo; 
·         Adotar precauções padrão, como sempre utilizar luvas, óculos, máscara e avental quando manipular sangue e secreções (independente do diagnóstico do paciente)
·         Manter atenção durante a realização dos procedimentos;
·         Manipular com cuidado as agulhas e instrumentos cortantes;
·         Não utilizar os dedos como anteparo durante a realização de procedimentos que utilizem materiais perfuro-cortante;
·         Desprezar conjunto seringa/agulha sem desmontá-lo;
·         Seguir as recomendações para montagem e preenchimento das caixas de perfuro-cortantes;
·    Desprezar todo material perfuro-cortante, mesmo que estéril, em recipientes adequados.
 Apesar das medidas de prevenção evitar acidentes, mesmo assim, isso é uma coisa que pode acontecer com qualquer um de nós, e daí, na hora do nervoso qual precaução tomar:
·         Mantenha a calma. Segundo o Ministério da Saúde, as quimioprofilaxias contra Hepatites e HIV devem ser iniciadas até duas horas após o acidente. Em casos extremos, pode ser realizada até 24 a 36 horas depois. Nos acidentes de alto risco para Hepatite B, a quimioprofilaxia pode ser iniciada até uma a duas semanas depois.
·         Lave bem com água e sabão o ferimento ou a pele exposta ao sangue ou líquido orgânico. Lave as mucosas com soro fisiológico ou água em abundância. O uso de anti-sépticos tópicos com álcool 70% também pode ser feito
·         Dirija-se o quanto antes ao Centro de Referência no atendimento de acidentes ocupacionais com material biológico de sua região.
·         Obs.: Caso o profissional trabalhe em um estabelecimento hospitalar, este deve dirigir-se ao Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH). O atendimento é considerado uma urgência devido ao pouco tempo disponível para se iniciar a profilaxia com os medicamentos antiretrovirais (2 horas após o acidente).
·         Obtenha do paciente-fonte uma anamnese recente e detalhada sobre seus hábitos de vida, história de transfusão sanguineas , uso de drogas, vida sexual, uso de preservativos, passado em presídios ou manicômios, história de hepatite e DSTs e sorologias anteriores, para analisar a possibilidade de situá-lo numa possível janela imunológica.
·         Leve sua carteira de vacinação ou informe sobre seu estado vacinal e dados recentes de sua saúde, sorologias anteriores, etc.
·         Deverá ser solicitada pelo médico a coleta de amostras de sangue seu e do paciente-fonte, em tubos de ensaio, sem anticoagulante, devidamente identificados, que serão encaminhados imediatamente ao laboratório de referência para serem centrifugados.
·         O paciente-fonte pode recusar-se a se submeter à realização da sorologia para HIV. Se isso ocorrer, deve-se considerar o paciente como sendo soropositivo e com alto título viral.
·         Caso o quadro caracterize situação de risco, as quimioprofilaxias contra o HBV e o HIV serão iniciados.
·         Repetir-se-ão as sorologias seis semanas, três meses, seis meses e um ano após o acidente ou a critério do médico.
É importante que os profissionais de saúde sejam sempre estimulados e sensibilizados pelos serviços de saúde através de medidas educativas quanto a esta temática, e possam manter situação vacinal adequada. Cabendo aos serviços de saúde no qual os profissionais estão inseridos oferecer condições adequadas de trabalho, e medidas preventivas para estas situações, além de atendimento adequado pós-exposição para prevenção de infecções pós-acidente com material biológico.
Fonte: Odonto Divas/Penso Saúde



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