Diariamente
nos serviços de saúde, diversos profissionais sofrem acidentes de trabalho com
material biológico e/ou perfuro-cortante. Estes tipos de acidentes são os que
envolvem sangue ou outros fluidos orgânicos potencialmente contaminados, sendo
considerados extremamente perigosos por serem potencialmente capazes de
transmitir mais de 50 tipos de patógenos diferentes. Sendo que, os agentes
infecciosos mais frequentemente relatados são o vírus da Imunodeficiência
Humana (HIV) e os vírus das hepatites B (HBV) e C (HCV).
Os tipos
de exposição envolvendo material biológico consideradas de risco são:
exposições percutâneas (lesões provocadas por instrumentos perfurantes ou
cortantes por agulhas, lâminas de bisturi, vidrarias, etc.), exposições de
mucosas (ocorrência de respingos na face envolvendo olho, nariz ou boca; ou
exposição de mucosa genital), exposição de pele não íntegra (contato com locais
onde a pele apresenta dermatites ou feridas abertas).
A
probabilidade de contaminação no caso de acidente com material biológico para HIV
é de 0,3% na exposição percutânea e 0,09% na exposição mucosa;30% para Hepatite B e 1,8% para hepatite C.
É
importante relatar que o risco de adquirir infecção pós-exposição ocupacional é
variável e depende de diversos fatores como o tipo de acidente, tamanho e
gravidade da lesão, presença e volume de sangue envolvido, condições clínicas
do paciente-fonte e seguimento adequado pós-exposição.
Secco e
Robazzi (2007) em pesquisa com profissionais de enfermagem no Paraná descreve
que 70% dos acidentes com material biológico atingiram as mãos dos
profissionais, com perfuro–cortante tipo agulha, em especial após algumas horas
de trabalho, estando esta situação associada a sobrecarga de trabalho
vivenciada pela classe.
Mas
apesar destes dados relevantes quanto ao risco de contaminação para
profissionais de saúde no exercício da profissão, diversos deles não obedecem às
práticas adequadas para sua proteção como uso correto do equipamento de
proteção individual (EPI) como luvas, óculos de proteção, máscaras, avental,
mesmo quando estes são disponibilizados pelo serviço, bem como a disposição
final incorreta dos perfuro-cortantes.
Assim,
fazem-se necessárias medidas adequadas para evitar acidente com exposição de
material biológico, tais como:
·
Ao
transferir instrumentos, evitar que estejam apontados para alguém;
·
Apontar
os instrumentos para a direção contrária a que você está;
·
Evitar
pegar instrumentos cortantes com as mãos, usar pinças, alicates ou
porta-agulhas;
·
Evitar
que agulhas fiquem fora dos limites da bandeja;
·
Manter as
brocas inseridas nas peças de mão voltadas para o solo, evitando arranhões;
·
Não
reencapar as agulhas com as mãos, se fizer isso use uma pinça ou alicate para a
preensão da tampa, evitando que a agulha fique apontada para o dedo;
·
Adotar
precauções padrão, como sempre utilizar luvas, óculos, máscara e avental quando
manipular sangue e secreções (independente do diagnóstico do paciente)
·
Manter
atenção durante a realização dos procedimentos;
·
Manipular
com cuidado as agulhas e instrumentos cortantes;
·
Não
utilizar os dedos como anteparo durante a realização de procedimentos que
utilizem materiais perfuro-cortante;
·
Desprezar
conjunto seringa/agulha sem desmontá-lo;
·
Seguir as
recomendações para montagem e preenchimento das caixas de perfuro-cortantes;
· Desprezar
todo material perfuro-cortante, mesmo que estéril, em recipientes adequados.
Apesar
das medidas de prevenção evitar acidentes, mesmo assim, isso é uma coisa que
pode acontecer com qualquer um de nós, e daí, na hora do nervoso qual precaução
tomar:
·
Mantenha
a calma. Segundo o Ministério da Saúde, as quimioprofilaxias contra Hepatites e
HIV devem ser iniciadas até duas horas após o acidente. Em casos extremos, pode
ser realizada até 24 a 36 horas depois. Nos acidentes de alto risco para
Hepatite B, a quimioprofilaxia pode ser iniciada até uma a duas semanas depois.
·
Lave bem
com água e sabão o ferimento ou a pele exposta ao sangue ou líquido orgânico.
Lave as mucosas com soro fisiológico ou água em abundância. O uso de
anti-sépticos tópicos com álcool 70% também pode ser feito
·
Dirija-se
o quanto antes ao Centro de Referência no atendimento de acidentes ocupacionais
com material biológico de sua região.
·
Obs.:
Caso o profissional trabalhe em um estabelecimento hospitalar, este deve
dirigir-se ao Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH). O atendimento
é considerado uma urgência devido ao pouco tempo disponível para se iniciar a
profilaxia com os medicamentos antiretrovirais (2 horas após o acidente).
·
Obtenha
do paciente-fonte uma anamnese recente e detalhada sobre seus hábitos de vida,
história de transfusão sanguineas , uso de drogas, vida sexual, uso de
preservativos, passado em presídios ou manicômios, história de hepatite e DSTs
e sorologias anteriores, para analisar a possibilidade de situá-lo numa
possível janela imunológica.
·
Leve sua
carteira de vacinação ou informe sobre seu estado vacinal e dados recentes de
sua saúde, sorologias anteriores, etc.
·
Deverá
ser solicitada pelo médico a coleta de amostras de sangue seu e do paciente-fonte,
em tubos de ensaio, sem anticoagulante, devidamente identificados, que serão
encaminhados imediatamente ao laboratório de referência para serem
centrifugados.
·
O
paciente-fonte pode recusar-se a se submeter à realização da sorologia para
HIV. Se isso ocorrer, deve-se considerar o paciente como sendo soropositivo e
com alto título viral.
·
Caso o
quadro caracterize situação de risco, as quimioprofilaxias contra o HBV e o HIV
serão iniciados.
·
Repetir-se-ão
as sorologias seis semanas, três meses, seis meses e um ano após o acidente ou
a critério do médico.
É
importante que os profissionais de saúde sejam sempre estimulados e
sensibilizados pelos serviços de saúde através de medidas educativas quanto a
esta temática, e possam manter situação vacinal adequada. Cabendo aos serviços
de saúde no qual os profissionais estão inseridos oferecer condições adequadas
de trabalho, e medidas preventivas para estas situações, além de atendimento
adequado pós-exposição para prevenção de infecções pós-acidente com material
biológico.
Fonte:
Odonto Divas/Penso Saúde