Os números não deixam
dúvidas: se hoje mais de um terço da
população (37,6%) tem 40 anos ou mais, dentro de 20 anos esse percentual será
de 39,2% apenas na faixa acima dos 60 anos.
Ao mesmo tempo, devemos ver a expectativa de vida do brasileiro passar
de 75 para 81 anos. Para a Associação de
Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional, à medida em que a população brasileira
envelhece, urge a necessidade de criar mecanismos para reduzir as despesas que
o país e seus cidadãos terão com saúde.
“O Brasil tem hoje 50
milhões de trabalhadores registrados em carteira que passam, por obrigação
legal, por avaliações dentro de programas de medicina do trabalho”, explica
Januário Micelli, presidente da AGSSO.
“A incorporação de exames simples e baratos, como glicemia, colesterol e
urina, podem ajudar a identificar ainda no início algumas das doenças que mais
afetam a população, evitando grandes dispêndios no futuro”, detalha. E a segurança e saúde organizacionais já
provaram sua eficácia na redução de doenças do trabalho: segundo dados da
Previdência, foram 15.226 registros em 2013 contra quase 37 mil em 1996, sendo
que o numero de pessoas empregadas cresceu significativamente nesse período.
“Importante lembrar que
estamos falando de despesas que recaem sobre o orçamento tanto do governo, como
das empresas, que perdem com gastos maiores com planos de saúde, com o
absenteísmo e a perda de produtividade ocasionados pelas doenças crônicas”,
acrescenta. Essa, inclusive, é a diretriz da OIT-Organização Internacional do
Trabalho: ampliar o foco da Medicina do Trabalho, saindo de aspectos meramente
ocupacionais para discussão do atendimento integral e integrado da saúde”,
destaca Januário.
Para isso, a AGSSO defende o
avanço na legislação para definir de forma mais clara quais exames os
trabalhadores precisam fazer regularmente. “Hoje existe conhecimento,
tecnologia e custos competitivos para isso”, afirma Paulo Zaia, vice-presidente
da AGSSO. Ele cita o exemplo do Japão:
lá, entre 1992 e 2010, o aumento nos diagnósticos foi de 60%, segundo o
Ministério da Saúde, Trabalho e Bem Estar daquele país, o que indica o
potencial da medicina ocupacional para identificar precocemente e favorecer o
tratamento mais econômico e eficaz dos males que acometem uma sociedade que
envelhece. “À medida em que a população
fica mais grisalha, todos precisam se adaptar.
A medicina do trabalho está pronta para isso”, sintetiza Zaia.
“A abordagem prevencionista
é fundamental pois o modo de vida moderno, notadamente o urbano, e a maior
longevidade levam à maior incidência de doenças crônicas”, ressalta Eliane
Aere, diretora da AGSSO. São elas que
causam quase 70% das enfermidades na velhice. Mas não se restringem à chamada
Terceira Idade: segundo a FID-Federação Internacional de Diabetes, a prevalência
dessa doença se dá na faixa entre 40 e 59 anos de idade. Hoje mais de 11,6 milhões de brasileiros
entre 20 a 79 anos tem diabetes. Em 20
anos, serão mais de 19 milhões de pessoas.
Como a FID estima um custo de US$ 1527 por paciente, estamos falando em
impressionantes US$ 17,7 bilhões. Mas
essa conta não é só do governo porque a maior parte dos gastos com saúde no
país vem da iniciativa privada: de cada R$ 100 gastos com saúde no Brasil, R$
54 são pagos por pessoas físicas ou jurídicas. Só que atualmente mais de 3,2
milhões dos diabéticos não sabem que tem a doença. “É justamente a falta de diagnóstico ou o
diagnóstico tardio que comprometem a qualidade de vida das pessoas e oneram o
sistema de saúde. A medicina do trabalho
é uma ferramenta fundamental para melhorarmos a vida das pessoas e reduzirmos
as despesas de saúde das empresas e do governo”, sintetiza Eliane.
Fonte: Segs
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