O câncer
relacionado ao trabalho, ou câncer ocupacional, ganha destaque em Diretriz
publicada pelo INCA do Ministério da Saúde que mostra passo a passo, a relação
entre a atividade laboral e o câncer desenvolvido, os tipos de câncer que
possuem relação com a exposição ocupacional e os direitos dos portadores de
câncer relacionado ao trabalho.
A
intenção da Diretriz apresentada é de oferecer subsídios aos profissionais de
saúde, por meio de orientações técnicas e epidemiológicas que possam enfatizar
a necessidade de levantamento de histórico do trabalhador, levando-se em
consideração aspectos pessoais e profissionais.
Organizada
em 10 capítulos, a Diretriz aborda desde o conceito de câncer, sua relação com
o trabalho, a exposição ocupacional, os tipos de câncer, políticas publicas,
vigilância dos trabalhadores expostos, estudos epidemiológicos, entre outros.
A química
e pesquisadora da Fundacentro, Arline Sydneia Abel Arcuri participou na
elaboração da classificação dos agentes ou das substâncias (página 40), no
capítulo 9, que trata da vigilância a partir da exposição nos ambientes de
trabalho, no Anexo 2, sobre os principais cancerígenos presentes em ambientes
de trabalho. No Anexo 7, desenvolvido pela pesquisadora, há um roteiro de
inspeção disponível sobre uso de segurança química nos ambientes de trabalho
que pode auxiliar gestores no reconhecimento das substâncias e na avaliação dos
riscos.
Arcuri
coloca que a obra é de grande relevância ao tratar o câncer ocupacional. “A
identificação e reconhecimento do risco é o ponto mais difícil encontrado pelas
empresas e o livro pode auxiliar no estabelecimento da anamnese ocupacional”,
destaca.
Um dos
agentes cancerígenos estudados pela pesquisadora é o benzeno, usado como
intermediário na produção de plásticos, resinas, borrachas, tintas,
detergentes, pesticidas, fumaça de cigarro, entre outros, e causador de
leucemia aguda em trabalhadores.
Arline
conta que há 30 anos, os trabalhadores morriam de aplasia de medula, que é
quando o organismo para de produzir hemácias, plaquetas e leucócitos, em função
da alta concentração de benzeno no sangue.
Para ela,
as mudanças positivas vieram com o Acordo do Benzeno, promovendo a atuação da
CIPA para acompanhar as condições de trabalho, bem como, melhorar o ambiente de
trabalho evitando o vazamento do cancerigeno. Contudo, a pesquisadora ressalta
a importância da atuação dos sindicatos em priorizar a saúde do trabalhador e
não somente atuar nas questões salariais.
Participaram
na elaboração do “Diretrizes para a vigilância do câncer relacionado ao
trabalho”, pesquisadores do INCA, UNIFESP, UFMG, Faculdade de Saúde Pública
(USP), UFBA, Fundação Oswaldo Cruz, Divisão de Vigilância em Saúde do
Trabalhador da Secretaria de Estado de Saúde do Rio Grande do Sul e o Centro de
Pesquisas Oncológicas e Secretaria de Saúde de Florianópolis, com o apoio da
Organização Pan-Americana da Saúde/OMS.
Fonte:
Fundacentro
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