quinta-feira, 15 de maio de 2014

FICA ENTRE NÓS

Que ninguém esteja me ouvindo, mas  uma prática que esta ficando frequente nas empresas é a contratação de um fisioterapeuta para realizar um exame pré admissional para barrar a entrada de potenciais “futuros doentes”. O candidato a trabalhador faz um monte de movimentos, as famosas manobras, e é reprovado na entrada.

Professor, mas isto é proibido, é discriminação!

Sabe nada o inocente! Na verdade, esta avaliação é feita em conjunto com alguma prova, por exemplo, uma redação, e caso você não passe na análise física a empresa terá como dizer que o problema foi a sua redação.

Mas porque as empresas fazem isso?

Bem, algumas atividades são realmente mais exigentes até mesmo para trabalhadores 100% saudáveis, agora imagine para um trabalhador que tenha algum tipo de restrição física.

Sim professor, mas eu entendo as empresas. Se elas não fizerem isto podem ter um futuro processo trabalhista. Entendo o argumento, mas se passarmos a utilizar esta análise militar, dos mais fortes, em breve vamos criar uma legião de desempregados. Imagine a situação daquele trabalhador que foi reprovado na “redação”, ele tem trinta anos, apenas o ensino médio e bem verdade é um analfabeto funcional. E agora, como tem um problema no ombro não tem como trabalhar em atividades que exijam carregamento de cargas e por não ter uma boa formação acadêmica não consegue outro tipo de trabalho. Mas lógico, como você lembrou, tem o lado da empresa também, se ela contratar o cara para carregar saca de cimento, em breve ele estará doente e em poucos meses, com razão, estará processando a empresa.

Professor, já sei! A solução é investir em mecanismos que atenuem o esforço físico para que todos possam realizar o serviço.  É meu filho, isto seria o ideal, mas por uma gestão deficiente e um elevado custo Brasil as empresas não veem com bons olhos este tipo de investimento.

Ah, mas elas já ganham muito!

Ok, acredito que sempre ganham menos do que a maioria pensa, pois há diversos encargos embutidos, mas é claro que ganham bem. O que muitos não percebem é que é este o objetivo da empresa (independente de concordarmos ou não, vivemos em um regime CAPITALISTA), ou seja, caso seja para ganhar pouco é melhor deixar o dinheiro investido em um banco.

Agora complicou professor, o que a gente faz então?

Não sei, vamos continuar tentando demonstrar para a empresa o retorno do investimento em segurança, mas temo que uma hora isto não será mais possível e realmente não sei o que faremos.

Autor: Mário Sobral Jr – Engenheiro de Segurança do Trabalho.

Fonte: Jornal Segurito 

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