Que ninguém esteja me
ouvindo, mas uma prática que esta
ficando frequente nas empresas é a contratação de um fisioterapeuta para
realizar um exame pré admissional para barrar a entrada de potenciais “futuros
doentes”. O candidato a trabalhador faz um monte de movimentos, as famosas
manobras, e é reprovado na entrada.
Professor, mas isto é
proibido, é discriminação!
Sabe nada o inocente! Na
verdade, esta avaliação é feita em conjunto com alguma prova, por exemplo, uma
redação, e caso você não passe na análise física a empresa terá como dizer que
o problema foi a sua redação.
Mas porque as empresas fazem
isso?
Bem, algumas atividades são
realmente mais exigentes até mesmo para trabalhadores 100% saudáveis, agora imagine
para um trabalhador que tenha algum tipo de restrição física.
Sim professor, mas eu
entendo as empresas. Se elas não fizerem isto podem ter um futuro processo
trabalhista. Entendo o argumento, mas se passarmos a utilizar esta análise
militar, dos mais fortes, em breve vamos criar uma legião de desempregados.
Imagine a situação daquele trabalhador que foi reprovado na “redação”, ele tem
trinta anos, apenas o ensino médio e bem verdade é um analfabeto funcional. E
agora, como tem um problema no ombro não tem como trabalhar em atividades que
exijam carregamento de cargas e por não ter uma boa formação acadêmica não consegue
outro tipo de trabalho. Mas lógico, como você lembrou, tem o lado da empresa
também, se ela contratar o cara para carregar saca de cimento, em breve ele
estará doente e em poucos meses, com razão, estará processando a empresa.
Professor, já sei! A solução
é investir em mecanismos que atenuem o esforço físico para que todos possam
realizar o serviço. É meu filho, isto
seria o ideal, mas por uma gestão deficiente e um elevado custo Brasil as
empresas não veem com bons olhos este tipo de investimento.
Ah, mas elas já ganham
muito!
Ok, acredito que sempre
ganham menos do que a maioria pensa, pois há diversos encargos embutidos, mas é
claro que ganham bem. O que muitos não percebem é que é este o objetivo da
empresa (independente de concordarmos ou não, vivemos em um regime
CAPITALISTA), ou seja, caso seja para ganhar pouco é melhor deixar o dinheiro
investido em um banco.
Agora complicou professor, o
que a gente faz então?
Não sei, vamos continuar
tentando demonstrar para a empresa o retorno do investimento em segurança, mas
temo que uma hora isto não será mais possível e realmente não sei o que
faremos.
Autor: Mário Sobral Jr –
Engenheiro de Segurança do Trabalho.
Fonte: Jornal Segurito
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