Se argumentar sobre a
necessidade de investimento em saúde e segurança ainda não é suficiente para
convencer empresários a encampar de vez a prevenção contra acidentes de
trabalho, demonstrar o quanto isso custa, de fato, no bolso de cada firma pode
ser a maneira mais eficaz de fazer isso acontecer.
A partir de agora, eles têm
uma ferramenta que calcula todos os impactos tributários que esse tipo de
problema acarreta em caso de acidentes e afastamentos previdenciários: o
Simulador Construindo Segurança e Saúde.
Criado pela Câmara
Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), o software foi lançado durante o
86º Encontro Nacional da Indústria da Construção (Enic), que está sendo
realizado em Goiânia. Por meio da ferramenta, é possível calcular, com base nos
registros da própria empresa, qual o prejuízo real amargado por problemas de
segurança. As cifras são impactantes: cada trabalhador ausente, por exemplo,
pode custar mais de R$ 100 mil por ano à firma.
O simulador está disponível
on-line, de forma gratuita, no site da Cbic
(www.cbic.org.br/construindosegurancaesaude/simulacao/dados). No site, a partir
de informações da empresa (como o número total de funcionários, valor previsto
da folha de pagamento, a quantidade de acidentes e afastamentos), é possível
calcular o custo unitário de cada um desses problemas para a companhia.
Por menor que seja a
empresa, um acidente de trabalho custa a ela, no mínimo, R$ 3 mil, e um
afastamento, ao menos, R$ 45 mil, só no âmbito tributário, explica o médico do
trabalho Gustavo Nicolai, que apresentou o software ontem a empresários e
profissionais do setor da construção que participavam do painel da Comissão de
Política de Relações Trabalhistas (CPRT), no Enic. Segundo ele, por meio do
simulador, os empresários poderão enxergar mais claramente o quanto é mais
barato investir em equipamentos e práticas de prevenção, o que ainda é uma
resistência.
O que determina a variação
tributária em situação de acidente é o Fator Acidentário de Prevenção (FAP), da
Receita Federal. Gustavo afirma que, hoje, na tentativa de maximizar o lucro e
minimizar os custos, muitos empresários ainda tentam economizar na área de
saúde e segurança, comprando equipamentos de prevenção de menor qualidade, deixando
de trocá-los no tempo certo, contratando menos profissionais de segurança do
que o necessário.
“Mas, a partir do momento em
que eles vejam os impactos financeiros para remediar os problemas com
acidentes, eles vão perceber que saúde e segurança é investimento e não
despesa. É preciso antecipar os riscos e mudar o comportamento”, analisa.
Para o presidente da CPRT,
Antonio Carlos Mendes Gomes, o simulador pretende apenas transformar o impacto
dos acidentes em um dado econômico, mas fornecer subsídios que ajudem a mudar
um comportamento, em prol da saúde e da prevenção. “A ferramenta nos permite
avaliar o tamanho econômico desse problema pela falta de prevenção em políticas
de trabalho.”
A Cbic quer incentivar o uso
do simulador pelo maior número de empresas possível (inclusive, de outros
setores além da construção). Com isso, será possível formar um banco de dados
estatísticos da realidade de segurança de trabalho nas empresas. Vale lembrar
que os dados individuais de cada companhia não serão divulgados.
Simulação
Imagine uma construtora
com mil funcionários, com uma folha de pagamento de cerca de R$ 3 milhões, que
tenha tido 45 acidentes de trabalho e 15 afastamentos durante um ano.
R$ 5,6 mil
será o valor gasto pela
empresa por cada empregado afastado
R$ 45,8 mil
será o valor por cada
afastamento
R$ 939 mil
é o valor total em um ano
que a empresa gastará de forma direta com tributos e afastamentos
previdenciários
R$ 1,9 milhão
aproximadamente será o
impacto financeiro com estas questões, considerando que os acidentes impactam
por dois anos a empresa
Fonte: SindusCon Mato Grosso