Os dados sobre acidentes e
doenças do trabalho são alarmantes. Mas mais grave ainda é constatar que
acidente de trabalho é uma denominação equivocada, pois esconde uma
verdade contundente e fundamental na
busca de soluções para o problema: 99% dos casos não são acidentais e ocorrem
por negligência das empresas.
Esta realidade foi mostrada pelo gerente do
Ministério do Trabalho em Caxias do Sul, Vanius Corte em sua participação no
Seminários “Em Defesa da CLT e Acidentes de Trabalho” ocorrido no auditório do
Sindicato no dia 1o de maio sendo parte da agenda de comemorações da entidade
pelo Dia do Trabalhador.
“Esses acidentes não são imprevisíveis e poderiam ser
evitados, acidente é fatalidade”, comentou Vanius Corte que trouxe o dado com
base na demanda da Superintendência Regional do Trabalho de Caxias do Sul e
região, onde ocupa o cargo de chefia.
A situação foi mostrada com
o relato dos últimos casos de acidentes de trabalho fatais que aconteceram nos
primeiros três meses de 2013 em Caxias do Sul e região. Um deles, foi o
caso ocorrido no dia 30 de março na
empresa Amalcabúrio.
Ele contou que o
funcionário, de 35 anos, que atuava como almoxarife na empresa, se prontificou para realizar o trabalho de
limpeza de uma cabine de pintura durante o sábado de Páscoa. O rapaz não sabia
como deveria proceder e nem do perigo a que estava exposto.
Ele foi orientado
para pegar uma empilhadeira, deram-lhe tiner (produto tóxico e inflamável que
remove tinta), uma espátula e jato de água para realizar a limpeza.
Durante
o trabalho houve uma explosão e o rapaz teve 90% do corpo queimado,
falecendo no dia seguinte na UTI do Hospital da Unimed.
Durante as investigações para averiguação do
acidente, constatou-se que a empresa possuía manual de procedimentos para a
manutenção da cabine de pintura, onde consta a advertência ao perigo de usar
produtos inflamáveis para a limpeza.
“Isso é um crime e não um acidente. Não
nos faltam leis, mas a categoria patronal não as cumpre”, comentou na ocasião Vanius
Corte.
O vice-prefeito de Caxias do
Sul, Antônio Feldman, que também participou do Seminário denominou de epidemia
a realidade demonstrada pelos dados expostos durante o encontro (confira as
informações no box).
Para o presidente em exercício do Sindicato, Leandro Velho
a situação é reflexo do descaso da classe patronal com o trabalhador.
“Para as
empresas o que vêm em primeiro lugar é o lucro, seguido da produção. O
trabalhador é descartável, enquanto que deveria ser valorizado e cuidado por
ser o maior patrimônio dentro de uma empresa”.
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