Depois de registrar 720 mil
acidentes de trabalho em 2011, em 2012 contabilizou 705.239 ocorrências.
Apesar da redução,
especialistas consultados pelo Portal Previdência Total alertam que ainda é
preciso que governo e empresas invistam mais em campanhas e políticas de
prevenção.
Para Fernando Maciel,
procurador federal em Brasília e coordenador-geral de Matéria de Benefícios da
Procuradoria Federal Especializada junto ao Instituto Nacional do Seguro Social
(INSS), “a cultura preventiva de acidentes no Brasil ainda não se encontra em
uma fase ideal se comparada com outros países.
Porém, vem crescendo com o
decorrer do tempo. Na medida de suas restrições orçamentárias, o governo tem
investido na concretização da política pública de prevenção de acidentes do
trabalho”.
Maciel exemplifica a atuação
do governo em prol da cultura preventiva com as ações regressivas acidentárias
que o INSS, representado pela Procuradoria-Geral Federal, vem promovendo contra
os empregadores que descumprem as normas de saúde e a segurança do trabalho.
“A partir do momento em que
empresários se conscientizam de que poderão ser responsabilizados pela despesa
previdenciária causada em virtude de sua negligência para com as normas de
saúde e segurança do trabalho, eles passam a perceber que é muito mais
lucrativo investir em medidas de prevenção do que ter que suportar as
consequências de um acidente laboral”, explica.
A advogada Samanta Leite
Diniz, da área trabalhista do escritório Innocenti Advogados Associados, faz
coro ao procurador e também credita a redução do número de acidentes do
trabalho “à conscientização e observância das empresas em seguir as normas
regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego. Até porque, o cumprimento
não só reduz esses acidentes como também evita ajuizamentos de eventuais ações
judiciais contra a empresa. Mais do que isso, demonstra a responsabilidade
social da empregadora”.
São Paulo é o estado com
maior número de ocorrências
No levantamento realizado
pelo Ministério da Previdência Social, os três acidentes do trabalho que mais
tiveram ocorrência no país em 2012, de acordo com a Classificação Internacional
de Doenças – CID, foram o ferimento do punho e da mão, com 69.383 registros, a
fratura ao nível do punho e da mão, com 49.284 casos, e a dorsalgia, com 35.414
notificações.
O setor com maior número de
acidentes foi o de comércio e reparação de veículos automotores, com 95.659
registros, seguido pelo setor de saúde e serviços sociais, que registrou 66.302
acidentes. O terceiro setor no ranking foi o da construção civil, com 62.874
casos.
Na separação por faixa
etária, enquanto para o sexo masculino a maior faixa de acidentados está entre
25 e 29 anos, com 91.277 registros, para o sexo feminino, a maior faixa está
entre as mulheres que têm de 30 a 34 anos, com 36.958 acidentes. Em todo o
país, 2.731 trabalhadores morreram em 2012 e quase 15 mil ficaram
permanentemente incapacitados em decorrência de acidentes laborais.
Auditores Fiscais do
Trabalho
Os auditores fiscais do
Trabalho são responsáveis por fiscalizar acidentes de trabalho em todo o país.
Atualmente, o quadro de profissionais é de 2.781 em atividade. Número exíguo
para a População Economicamente Ativa – PEA de 100 milhões de trabalhadores,
cuja demanda relevante deveria ser de 10 mil auditores fiscais do Trabalho,
330% superior ao atual.
Para modificar esse quadro,
o Sinait atua junto ao Ministério do Trabalho e Emprego – MTE e também ao
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão – MP com o objetivo de conseguir
a realização de um novo concurso público.
A ideia é ampliar o número
de vagas para suprir os atuais 877 cargos vagos de auditores fiscais do
Trabalho e, ainda, trabalhar para que sejam criados mais cargos permanentes na
carreira, corrigindo a defasagem hoje existente.