Um
motorista profissional que trabalha mais de 12 horas por dia dobra as chances
de se envolver em um acidente. Acima de 14 horas de jornada de trabalho, o
risco de acidente triplica, segundo o diretor do Centro de Estudos
Multidisciplinar em Sonolência e Acidentes (Cemsa), Marco Túlio de Mello.
“A
questão não está só relacionada ao tempo de descanso, mas principalmente a
quanto é o tempo da jornada de trabalho, acima de 12 horas, não dá para ter
hora extra, pois o risco aumenta. O que a gente mais observa é que o tempo de
descanso de motoristas de ônibus às vezes não é adequado”, diz o especialista.
Segundo ele, um motorista que fica mais de 19 horas acordado sente os mesmos
efeitos de dirigir embriagado.
O
especialista alerta que o sono inadequado também é um risco para os motoristas
profissionais. Segundo ele, a maioria deles tem algum distúrbio do sono que
contribui para que o descanso não seja de qualidade. “Quando o motorista não
tem um sono eficiente, ou por distúrbio do sono ou porque dormiu pouco ou
porque dormiu 'picado' e não consegue descansar durante o período todo,
reflexo, atenção, concentração, processo decisório, maior sonolência (são
comprometidos)”.
O
professor considera que a Lei 12.619/2012, que estabelece regras de descanso
para motoristas profissionais, exigindo por exemplo descanso mínimo de 11 horas
por dia, contribui para melhorar as condições dos trabalhadores. Mas ele diz
que ainda falta um trabalho de conscientização com os próprios motoristas para
evitar jornadas de trabalho excessivas.
Já
o diretor da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) Dirceu
Rodrigues Alves Jr considera a legislação “absurda”. Ele defende que o descanso
do motorista deve ser maior do que prevê a lei e que o profissional não fique
mais de seis horas por dia na direção do veículo para não comprometer funções
importantes: atenção, concentração, agilidade mental, raciocínio, vigília,
função motora, sensibilidade tátil, visão e audição.
“Sem
esses fatores ele não consegue dirigir um veículo. E a fadiga e o sono
interferem demais nesses fatores, que são os mais importantes para dirigir um
veículo. E aí, a possibilidade de um acidente é iminente”, explica. Ele também
orienta que a cada duas horas o motorista deve parar o carro por 15 minutos,
descer do veículo, alongar as pernas, a coluna e fazer uma caminhada, para
evitar o sono, a fadiga, lesões por esforço repetitivo e doenças circulatórias.
No
caso de motoristas de ônibus, que na maioria das vezes alternam a direção com
períodos de sono no próprio veículo, revezando com colegas, ele diz que esse
descanso não é suficiente. “A possibilidade de acidente é iminente porque esse
repouso não existe, ele tem a trepidação do veículo, o ruído, a cabine mal
ventilada, está respirando poeira, diesel”.
Fonte: DM.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe seu comentário ou dúvida, que entraremos em contato!